Guerra dos Canudos

BMILITAR
15/03/2023
-
Leitura: 3 min(s)

Boletim BMILITAR

Receba as principais notícias, artigos e novidades.

Ao se inscrever nosso Boletim BMILITAR você está de acordo com nossa política de privacidade

A Guerra dos Canudos foi um conflito que marcou a história do Brasil no final do século XIX. O que começou como uma comunidade religiosa e popular no sertão da Bahia se tornou um símbolo de resistência e luta contra as injustiças sociais e o autoritarismo do governo republicano.

O líder do movimento foi Antônio Vicente Mendes Maciel, mais conhecido como Antônio Conselheiro, um pregador itinerante que percorria o Nordeste levando sua mensagem de fé e esperança aos sertanejos pobres e oprimidos. Em 1893, ele chegou ao arraial de Canudos, uma fazenda abandonada às margens do rio Vaza-Barris, onde fundou uma comunidade baseada nos princípios do catolicismo popular e da solidariedade.

Aos poucos, Canudos foi crescendo e atraindo milhares de pessoas que buscavam uma vida melhor longe da seca, da fome, da violência e dos impostos abusivos. A comunidade se organizava de forma coletiva e autossuficiente, produzindo alimentos, artesanatos, armas e até moedas próprias. Os canudenses também construíram igrejas, casas, escolas e hospitais.

No entanto, o sucesso de Canudos despertou a desconfiança e a hostilidade das elites locais e nacionais. Para os latifundiários da Bahia, os conselheiristas eram invasores de terras que ameaçavam seus interesses econômicos. Para os políticos republicanos, eles eram monarquistas fanáticos que se opunham ao novo regime. Para os militares, eles eram rebeldes indisciplinados que desafiavam a autoridade do Estado.

Assim, iniciou-se uma guerra sangrenta entre o Exército brasileiro e os seguidores de Antônio Conselheiro. Foram quatro expedições militares enviadas para destruir Canudos entre 1896 e 1897. As três primeiras foram derrotadas pelos canudenses com bravura e estratégia. A quarta expedição contou com mais de 10 mil soldados bem armados e equipados que cercaram o arraial por meses até aniquilá-lo completamente.

O saldo da guerra foi trágico: cerca de 25 mil canudenses mortos ou capturados (incluindo mulheres e crianças) e mais de 5 mil baixas entre os militares. Antônio Conselheiro morreu em setembro de 1897 por causas naturais antes do fim do conflito. Seu corpo foi decapitado pelos soldados como troféu.

A Guerra dos Canudos foi um episódio marcante da história brasileira que revelou as contradições sociais do país na Primeira República (1889-1930). Também inspirou obras literárias como Os Sertões (1902), de Euclides da Cunha; A Guerra do Fim do Mundo (1981), de Mario Vargas Llosa; Memorial de Maria Moura (1992), de Rachel de Queiroz; entre outras.